Os 4 comentários que mais escuto de quem já leu "Sem tinta"
Depois de ouvir a sugestão de uma amiga para começarmos um bate-papo contando uma frase que ela via circular bastante nas redes sociais, lembrei de outras três que também escuto com frequência.
Na semana passada, fiz uma noite de autógrafos e um bate-papo sobre o “Sem tinta" em um café e espaço cultural de Florianópolis. Quem mediou a conversa foi a Alline Goulart, a mesma amiga que também mediou o bate-papo que aconteceu no lançamento do livro, três meses atrás.
“Vamos pensar como vai ser a dinâmica?", ela me escreveu alguns dias antes do evento. “O que acha de começarmos falando qual é o comentário que você mais ouve das pessoas que já leram o livro?”.
Li a frase que ela afirmou já ter visto circulando bastante nas redes sociais — “eu não sabia que tinha tanto assunto para falar sobre cabelo branco!” —, e me lembrei de outras três que também aparecem com bastante frequência.
1. “Parecia que você estava conversando comigo”
Quando encontrei a livreira Pétula Rodrigues depois de presenteá-la com o livro, ela me pegou pela mão e pediu para que eu me sentasse ao seu lado no sofá da Latinas Livraria. “Foi assim que me senti enquanto lia o livro!”, ela disse. “Parecia que você estava aqui comigo!”.
Depois desse episódio, ouvi essa mesma frase de outras pessoas. Claro que é um comentário que me deixa feliz, pois revela que consegui escrever sobre um tema que ainda assusta algumas pessoas de um jeito leve e até divertido em alguns momentos.
Como diz uma avaliação escrita no site Goodreads, “o tom leve e a leitura fluida foram uma surpresa. Nas 200 e poucas páginas, parece que eu estava tendo uma conversa de amiga. Só que a autora é daquelas amigas de verdade, que fala a real!”.
2. “Fiquei surpresa com a quantidade de pesquisas que tem no livro”
Essa conversa de amiga não foi escrita com achismos da minha cabeça. Aliás, acabei de fazer algo que estava curiosa desde a primeira vez que alguém relatou surpresa com a quantidade de dados e informações presentes no livro: categorizei as referências.
Esse foi o resultado: as 124 notas de rodapé estão divididas entre 14 citações de livros, 16 pesquisas acadêmicas, 11 estatísticas populacionais, financeiras e afins, 37 matérias nacionais e internacionais, 11 podcasts, séries, documentários ou Ted Talks, 4 imagens históricas e 31 perfis de redes sociais.
Além disso, entrevistei 86 pessoas para o livro, além de ter citado a história de outras mulheres que li em livros, vi no Instagram ou em algum lugar das referências que mencionei acima. Essas pesquisas aconteceram entre maio de 2021 e maio de 2022, período em que vivi o último ano da transição e escrevi o livro.
3. “Pensei que era mais um livro ditando regras para mulheres, mas me surpreendi”
Confesso que não ouvi essa frase tantas vezes assim, mas já devem ter sido umas quatro, o que é suficiente para chamar a atenção. A primeira vez aconteceu no início de dezembro do ano passado, poucos dias depois do lançamento.
Uma médica paliativista que eu não conhecia me enviou uma mensagem privada no Instagram. Ela dizia o seguinte: “Vi seu livro por meio de uma amiga que esteve contigo na Flip, em Paraty. Sou leitora voraz… Baixei a amostra meio curiosa, mas com preguiça de ‘mais um livro que dita normas da mulher moderna…’. Me enganei e me encantei com sua escrita. Hoje terminei a leitura. Obrigada!”.
Poucos dias depois, mais um relato: “Confesso que fiquei receosa quando comprei o livro, achei que poderia ser mais um daqueles manifestos de um feminismo distorcido muito comum ultimamente e que apenas troca uma amarra por outra. É por isso que foi uma supresa o tom leve e a leitura fluida”.
Falei que ficava feliz com o comentário de que o livro parece uma conversa entre amigas, mas talvez essa visão das pessoas que à primeira vista torcem o nariz para o livro e mesmo assim leem e enviam mensagem são ainda mais especiais.
4. “Eu não sabia que tinha tanto assunto pra falar sobre cabelo branco”
A primeira vez que ouvi isso foi de uma prima, a Sabrina. Inclusive, essa frase aparece na página 58 do livro: “Cá, posso te dizer… Quando li a primeira parte dos textos, pensei: ‘Gente, o que mais dá pra falar de cabelo branco? Eu não sabia que ia ter tanto assunto”.
Talvez eu também não soubesse. Mas ao longo de um ano fui descobrindo a conexão da cor dos nossos cabelos com o nosso medo de envelhecer, com a pressão dos padrões de beleza, com o mercado de trabalho, com as bruxas dos séculos 16 e 17, com o feminismo, com a própria química do nosso cabelo — afinal, o que uma pesquisadora enxerga ao olhar os fios por um microscópio? — e com muitos outros temas.
Aliás, são tantos assuntos que esta newsletter está de volta. Volto com textos quinzenas para contar os bastidores do livro e as novas reflexões que surgem agora que mais pessoas estão lendo essas ideias.
Por fim, antes de fechar, compartilho mais uma frase que também escuto bastante: “Espero que o livro chegue em milhares de mulheres!”. Então aproveito e faço um último pedido: se você já leu o livro, deixa a sua avaliação aqui? Indica para alguém? Isso ajuda a levarmos o livro mais longe!
Um beijo,
Camila
Para admirar
Um desfile na última semana de moda de Nova York chamou a atenção: a marca Batsheva contou com um elenco de mulheres acima de 40 anos, sendo várias delas grisalhas. Em entrevista ao The New York Times, a estilista, de 42 anos, disse que “não quer que ninguém sinta que está tentando parecer mais jovem.”
Para pensar
“Dizer que minha velhice não existe é dizer para mim que eu não existo. Apague minha idade e você apaga minha vida.” — Ursula K. Le Guin, em seu livro “Sem tempo a perder: reflexões sobre o que realmente importa”.
Que felicidade abrir a caixa de e-mails e ver que a Newsletter do Sem Tinta está de volta! Melhor notícia da sexta-feira! <3