O cabelo grisalho do Natal passado e uma retrospectiva de 2021
Volto dia 14 de janeiro. Para ninguém ficar com saudade, preparei um texto-diário bem egocêntrico.
Mesmo sabendo que talvez um dia eu adorasse ver fotos da transição do cabelo branco, tenho pouquíssimos registros. Quase nenhum, na verdade. Eu até pensava em documentar o processo, mas tirava uma foto, olhava… e excluía. Agora, enquanto percorria as imagens antigas do celular, só encontrei fotos em que estou de boné. Ainda assim, poucas.
Tenho uma única foto do Natal de 2020 — e bem sem gracinha. Essa também é a única que mostra o meu cabelo. Já fazia nove meses que eu não tingia. Parece que os meus fios mal tinham começado a dar a volta na cabeça. Parece que não estou muito confortável, mesmo sorrindo. Até o Marquinhos parece desconfortável.
Uma retrospectiva de 2020 seria impossível. Mas 2021, pensei, deve dar. Logo descobri que o mês em que comecei a escrever sobre cabelo branco coincide com o momento em que aceitei minha nova imagem. Isso aconteceu em maio, quando finalmente cortei parte do cabelo tingido. Depois disso, já cortei mais três vezes.
Enquanto eu selecionava as fotos da transição do cabelo, também percebi que as fotos escancaravam outra transição. Os meses passam e vou aceitando, confiando, me soltando. Se isso não tivesse acontecido, acredite: eu nem estaria publicando essas fotos aqui. Mas chega de conversa porque hoje são as imagens que direcionam o texto.
Janeiro, 2021
Desculpa a brincadeira, mas juro que essa é a única imagem de cabelo solto desse mês.
Fevereiro, 2021
“Um ano depois e ainda tá assim”, diz a mensagem que enviei junto com essa selfie. “Já tá massa, Camila!”, respondeu minha amiga Morena. Querida ela, né? E, mais uma vez, é a única opção de foto do mês.
Março, 2021
A única vez em que apareço sem boné não é em uma foto. É vídeo. Ainda assim, preferi cortar metade da cabeça ao gravar. Esse é um print porque não dá para subir arquivo de vídeo aqui.
Abril, 2021
Adoraria ter outra opção, mas só tenho de unicórnio. Lembro do meu pensamento quando vi essa foto, oito meses atrás: “Sério mesmo que estás fazendo isso, Camila? Não tá bonito, não”.
Maio, 2021
Eis que chegamos ao primeiro corte e ao dia em que senti que poderia existir amizade entre felicidade e cabelo branco. Também descobri que o cabelo preso para trás ajudava.
Junho, 2021
Neste mês, tirei selfie no espelho do banheiro. Até então eu não entendia por que algumas pessoas faziam isso.
Julho, 2021
Passei a tesoura no cabelo. Eu mesma. E achei que era um ótimo motivo para mais uma selfie no banheiro.
Agosto, 2021
“Acho que vou colocar essa foto no meu perfil do WhatsApp”, eu disse pro Marquinhos. “Sério?”, ele respondeu. “Nunca imaginei que escolherias uma foto assim… Sem pose, descabelada…”
Setembro, 2021
Nunca imaginei que um dia eu deixaria o cabelo branco. Também nunca imaginei que um dia eu teria um cachorro (olha ele todo querido lá atrás).
Outubro, 2021
Fazendo selfie. De novo.
Novembro, 2021
O barco era o cenário que mais combinava com boné. Ainda combina, mas agora já existe foto de cabeça livre a bordo.
Dezembro, 2021
Este foi o último corte de cabelo. Ainda sobraram umas pontas tingidas. Espero tirar tudo em fevereiro.
Tem que terminar com uma foto extra
O impossível aconteceu: em vez de esconder o grisalho, tampei o rosto e mostrei o cabelo bagunçado, mesmo depois de trinta horas a bordo no barco. Muita maresia e nenhum pente. Viva la revolución.
Um feliz Natal e um novo ano com muita alegria e liberdade para todas nós.
Um beijo,
Camila.
Estou adorando essa Camila de cabelo branco! Ta linda e cheia de vida!